Mostrando postagens com marcador Ranger para na Hilux. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Ranger para na Hilux. Mostrar todas as postagens

4.11.09

Na busca pela S10, Ranger para na Hilux

Em agosto, a Ford Ranger ganhou uma reestilização no visual tentando ficar mais atraente e, assim, chegar mais perto de sua principal concorrente, a Chevrolet S10, que mantém sozinha a liderança do mercado de picapes. De acordo com os dados da Fenabrave referentes a outubro, o modelo ficou na quarta colocação do ranking de vendas, com 1.302 unidades vendidas, enquanto a líder chegou à casa das 3.802 unidades comercializadas.

Para a Ranger almejar voos mais altos na busca pelo topo, no entanto, ela tem de enfrentar pelo caminho concorrentes mais atuais e mais bem aceitos pelo consumidor, como a conterrânea argentina Toyota Hilux e a Mitsubishi L200, segundo e terceiro lugares no mercado de picapes, respectivamente. Para um tira-teima nessa corrida pelo posto ocupado pela S10, o iCarros colocou o modelo da Ford, nas versão Limited, para encarar a Toyota Hilux, na configuração SR com câmbio manual de cinco marchas (na linha 2010, o fabricante já oferece transmissão automática de quatro velocidades). As duas picapes avaliadas são dotadas de motor a gasolina e contam apenas com tração traseira.

Com preços bem distantes da versão mais completa da S10 Executive (R$ 69.561), cujo motor flex é um dos principais fatores que impulsionam suas vendas, a Ranger Limited é vendida com preço a partir de R$ 77.480 e traz de série direção hidráulica, ar-condicionado, sistema de áudio com CD player e conexão com MP3 players portáteis, trio elétrico, rodas de liga leve de 16 polegadas, duplo airbag, freios com ABS nas quatro rodas, faróis de neblina, grade dianteira, estribos laterais e santo-antonio cromados, bancos revestidos em couro, protetor de caçamba e sensor de estacionamento.

Já a Hilux SR, é comercializada por R$ 80.200 (na versão manual de entrada) e conta com direção hidráulica, ar-condicionado, trio elétrico, desembaçador no vidro traseiro, sistema de áudio com MP3, rodas de liga leve de 16 polegadas, duplo air-bag, freios com ABS nas quatro rodas e tampa da caçamba que pode ser travada com chave.

Mais bem equipada, a Ranger Limited leva vantagem em itens de conveniência por ser uma versão topo de linha, enquanto a rival está configurada na variante intermediária, a SR. Neste caso, o que levamos em consideração não é o pacote de equipamentos e mimos, mas, principalmente, a faixa de preços e o comportamento de ambos os modelos como um veículo que pode servir tanto para levar a família em viagens como para carregar grandes volumes de carga na carroceria.

Ergonomia e espaço interno

Devido ao seu projeto mais antigo, a Ranger tem um jeitão de caminhãozinho, pois o capô mais alto e alavanca de câmbio com engates mais duros a deixam com um ar de veículo rústico. Os bancos têm o encosto muito reto, o que imcomoda (e muito) em viagens mais longas. Apesar de medir 5,20 m, seu espaço interno é limitado e os passageiros que viajam atrás já começam a se incomodar pelas pequenas portas que dificultam o acesso ao apertado banco traseiro. O teto baixo contribui para a claustrofobia dos ocupantes que medem mais de 1,70m. Seu principal trunfo é o rádio com conexões para MP3 players portáteis e pen drives.

Medindo 5,22 m, a Hilux chega a lembrar um carro de passeio, a não ser pelas suas dimensões externas e pela sua altura, e é uma picape agradável de dirigir. O motorista encontra uma boa posição para a condução. O pênalti fica por conta da regulagem de altura por meio de uma roldana. O volante tem boa empunhadura e a alavanca de trocas de marchas tem engates mais macios que os da concorrente. Apesar de o painel favorecer a visibilidade por ser mais baixo, os comandos do sistema de áudio ficam um pouco distantes, obrigando o condutor ou o passageiro que viaja ao seu lado se esticarem para sintonizar uma estação de rádio. Os ocupantes do banco traseiro viajam mais folgados devido ao maior espaço para as pernas e pelo banco mais confortável.

No asfalto e na terra

Rodando com as duas picapes tanto no asfalto das cidades e das rodovias como em estradas de terra batida, a vantagem da Hilux é notória. O motor de 2,7 litros de 158 cv e 24,5 kgfm de torque a 3.800 rpm, leva a picape de 1.705 kg com desenvoltura e mostra boa disposição nas saídas de semáforos e em ladeiras íngremes. Nas rodovias, o propulsor tem boa elasticidade, pede poucas reduções de marchas e mantém o veículo, com tranquilidade, a 120 km/h, podendo até atingir velocidades superiores, o que não seria prudente em um veículo deste porte que pode carregar até 855 kg de carga. O modelo vai bem em pisos de terra e cascalho, mas sua suspensão traseira formada por eixo rígido é um pouco dura e faz a caçamba pular demais quando se passa por valetas ou trechos mais acidentados.

Mesmo sendo um projeto mais defasado em relação à concorrente da marca japonesa, a Ranger não decepciona no fora-de-estrada. Talvez por ter aptidões para ser um pequeno caminhão, é mais agradável de se conduzir no chão batido e sua suspensão traseira composta por eixo motriz semiflutuante, não faz a caçamba “pipocar” tanto, mas sua capacidade de carga fica limitada em 764 kg.

Para quem está acostumado a dirigir automóvel, a Ranger em uma viagem longa é um ritual de paciência. A picape demora a embalar e chega a ter de dar passagem para automóveis com motor de 1,0 litro. Nas subidas, haja reduções de marchas. O motor de 2,3 litros de 150 cv e 22,1 kgfm de torque fica ruidoso e áspero quando se exige mais do acelerador. Na hora de manobrar, leva pequena vantagem por ser um pouco mais estreita e por contar com sensor de estacionamento (essencial para um veículo com mais de cinco metros de comprimento).

Veredicto de Guilherme Silva - Diante das qualidades da Hilux, a Ranger ainda requer um pouco mais de trabalho por parte da Ford se quiser realmente alcançar a S10 no mercado nacional, afinal, a picape da montadora nipônica apresenta um projeto mais atual e um conjunto mais acertado, que favorece tanto aqueles compradores que querem um veículo grande para se impor no trânsito urbano e levar uma moto ou um jet ski nos passeios do final de semana como aqueles que necessitam de um modelo que seja capaz de encarar terrenos mais acidentados e ainda tenha qualidades para viajar longas distâncas com a caçamba cheia de carga.